sexta-feira, 8 de maio de 2015

Que vivam felizes - Sebastião da Gama

Sebastião da Gama . Fonte: pf2000.essg.pt
 Que vivam felizes

«O que eu quero principalmente é que vivam felizes.»
Não lhes disse talvez estas palavras, mas foi isto o que eu quis dizer. No sumário, pus assim: «Conversa amena com os rapazes».
 E pedi, mais que tudo, uma coisa que eu costumo pedir aos meus alunos: Lealdade. Lealdade para comigo e lealdade  de cada um para outro. Lealdade que não se limita a não enganar o professor ou o companheiro: Lealdade activa, que nos leva, por exemplo, a contar abertamente os nossos pontos fracos ou a rir quando temos vontade (e então rir mesmo, porque não é lealdade deixar então de rir) ou a não ajudar falsamente o companheiro.
       «Não sou, junto de vós,  mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês  sabem coisas que eu não sei ou já esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras.Ensinar, não, falar delas.
Aqui e o pátio e na rua e no vapor e no comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos.»
          Não acabei sem lhes fazer notar qu «a aula é nossa». Que a todos  cabe o direito de falar, desde que fale um de cada vez e não corte a palavra ao que está com ela.

Sebastião da Gama
No Boletim cultural  - Fundação Calouste Gulbenkian
Serviço de Bibliotecas Itenerantes e Fixas - Dezembro de 1990

Nota:
 Para quem esteja interessado, aqui deixo alguma informação sobre este  homem notável, que eu tanto admiro - Sebastião da Gama:

Sebastião Artur Cardoso da Gama (Vila Nogueira de Azeitão, 10 de abril de 1924Lisboa, 7 de fevereiro de 1952) foi um poeta e professor português,
Sebastião da Gama licenciou-se em Filologia Românica, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa1 , em 1947.
Foi professor em Lisboa, na Escola Industrial e Comercial Veiga Beirão, em Setúbal, na Escola Industrial e Comercial (atual Escola Secundária Sebastião da Gama) e, em Estremoz, na Escola Industrial e Comercial local.
Colaborou nas revistas Mundo Literário 2 (1946-1948), Árvore e Távola Redonda.
A sua obra encontra-se ligada à Serra da Arrábida, onde vivia e que tomou por motivo poético de primeiro plano (desde logo no seu livro de estreia, Serra-Mãe, de 1945), e à sua tragédia pessoal, motivada pela doença que o vitimou precocemente, a tuberculose.
Uma carta sua, enviada em Agosto de 1947, para várias personalidades, a pedir a defesa da Serra da Arrábida, constituiu a motivação para a criação da LPN Liga para a Protecção da Natureza, em 1948, a primeira associação ecologista portuguesa.3
O seu Diário, editado postumamente, em 1958, é um interessantíssimo testemunho da sua experiência como docente e uma valiosa reflexão sobre o ensino.
As Juntas de Freguesia de São Lourenço e de São Simão, instituíram, com o seu nome, um Prémio Nacional de Poesia. No dia 1 de Junho de 1999, foi inaugurado em Vila Nogueira de Azeitão, o Museu Sebastião da Gama, destinado a preservar a memória e a obra do Poeta da Arrábida, como era também conhecido.
Faleceu vitima de tuberculose renal, de que sofria desde adolescente.
Fonte:
( http://pt.wikipedia.org/wiki/Sebasti%C3%A3o_da_Gama)

2 comentários:

Ferreira Carvalho disse...

Acho que já li este texto na escola. Foi bom recorda-lo!

http://estasaudosacasa.blogspot.pt/

Viviana disse...

Olá, Diana

Gosto bastante da obra de Sebastião da Gama.
Pena ter partido tão cedo.

Obrigada por a visita
Um beijinho e um bom fim de semana
Viviana