quinta-feira, 8 de maio de 2014

MÃE (DESNECESSÀRIA) - Márcia Neder


Encontrei este texto, que considero de muito interesse e com o qual concordo, no blogue da minha amiga Fernanda Mesquita - http://nanda-fernandarocmsncom.blogspot.pt/.
Acho-o muito actual e necessário, daí, tê-lo trazido comigo a fim de o partilhar aqui, com os amigos.

Muito obrigada, Fernanda, por o ter publicado.

MÃE  (DESNECESSÁRIA)  -  Márcia Neder

A boa mãe é aquela que vai se tornando desnecessária com o passar do tempo. Várias vezes ouvi de um amigo psicanalista essa frase, e ela sempre me soou estranha. 
Até agora. Agora, quando minha filha de quase 18 anos começa a dar vôos-solo.
Chegou a hora de reprimir de vez o impulso natural materno de querer colocar a cria embaixo da asa, protegida de todos os erros, tristezas e perigos. Uma batalha hercúlea, confesso. Quando começo a esmorecer na luta para controlar a super-mãe que todas temos dentro de nós, lembro logo da frase, hoje absolutamente clara.
Se eu fiz o meu trabalho direito, tenho que me tornar desnecessária. 
Antes que alguma mãe apressada me acuse de desamor, explico o que significa isso.
Ser “desnecessária” é não deixar que o amor incondicional de mãe, que sempre existirá, provoque vício e dependência nos filhos, como uma droga, a ponto de eles não conseguirem ser autônomos, confiantes e independentes. Prontos para traçar seu rumo, fazer suas escolhas, superar suas frustrações e cometer os próprios erros também. A cada fase da vida, vamos cortando e refazendo o cordão umbilical. A cada nova fase, uma nova perda é um novo ganho, para os dois lados, mãe e filho. 
Porque o amor é um processo de libertação permanente e esse vínculo não pára de se transformar ao longo da vida. Até o dia em que os filhos se tornam adultos, constituem a própria família e recomeçam o ciclo. O que eles precisam é ter certeza de que estamos lá, firmes, na concordância ou na divergência, no sucesso ou no fracasso, com o peito aberto para o aconchego, o abraço apertado, o conforto nas horas difíceis.
Pai e mãe - solidários - criam filhos para serem livres. Esse é o maior desafio e a principal missão.

Ao aprendermos a ser “desnecessários”, nos transformamos em porto seguro para quando eles decidirem atracar.

(Publicado por Fernanda Mesquita,  no blogue -   http://nanda-fernandarocmsncom.blogspot.pt/).

Nota:
Procurei, mas não consegui descobrir, o nome do  pintor do quadro acima apresentado.
Se alguém souber, por favor informe-me.
Obrigada,

2 comentários:

Maria disse...

Muito bom!

O quadro está assinado por Witt, mas confesso que nunca ouvi falar.

Abraços.

Viviana disse...

Querida Mimi

Obrigada por a informação, amiga.
Um grande abraço
Viviana