sexta-feira, 30 de maio de 2014

A propósito da Inauguração de um Monumento à Drª Maria José Nogueira Pinto

Este é o monumento dedicado à Drª Maria José Nogueira Pinto


A autarquia  de Lisboa decidiu encomendar ao arquitecto Rui Sanches a execução de um monumento para homenagear  com ele a  Drª Maria José Nogueira Pinto. Eis na imagem o que surgiu. O executor da obra diz que é"meia casa"; porém, a mim, que não tenho qualquer formação na área, parece-me mais uma paragem de autocarro em degradação. Creio que a senhora, por quem nutro uma elevada estima e consideração, merecia uma obra digna do seu nome e da sua obra..
Mas há mais:
O monumento foi inaugurado na última terça-feira de manhã, pelo presidente da Câmara de Lisboa - Dr. António Costa. Durante todo o dia tentei ver a reportagem da inauguração  nos vários canais de televisão, porém,  nunca vi. ..o que vi, e, vezes sem conta, foi as transmissão  das palavras do presidente de Lisboa sobre a situação interna do seu partido. Mostraram-no junto do monumento, com muitos convidados, porém, nem uma referência ao monumento, à homenageada ou , por exemplo, à família da homenageada.

Ao procurar na net, notícias sobre o acontecimento atrás referido, os meus olhos pousaram no texto que a seguir publico, o qual li com toda a atenção e interesse. Terminei de lê-lo com os olhos rasos- de -água.
Pois se eu já valorizava esta grande senhora, muito mais agora, depois de ler e reflectir sobre este testemunho, que a mim, mulher cristã, totalmente  comprometida com Cristo,  leva-me  a identificar,  em muitos aspectos com a Drª Maria José Nogueira Pinto, sendo  ela católica e  eu   baptista.

Eis o seu testemunho exarado na sua crónica que habitualmente publicava no Diário de Notícias: (pode ler mais aqui)

NADA ME FALTARÁ



Acho que descobri a política - como amor da cidade e do seu bem - em casa. Nasci numa família com convicções políticas, com sentido do amor e do serviço de Deus e da Pátria. O meu Avô, Eduardo Pinto da Cunha, adolescente, foi combatente monárquico e depois emigrado, com a família, por causa disso. O meu Pai, Luís, era um patriota que adorava a África portuguesa e aí passava as férias a visitar os filiados do LAG. A minha Mãe, Maria José, lia-nos a mim e às minhas irmãs a Mensagem de Pessoa, quando eu tinha sete anos. A minha Tia e madrinha, a Tia Mimi, quando a guerra de África começou, ofereceu-se para acompanhar pelos sítios mais recônditos de Angola, em teco-tecos, os jornalistas
estrangeiros. Aprendi, desde cedo, o dever de não ignorar o que via, ouvia e lia.
Aos dezassete anos, no primeiro ano da Faculdade, furei uma greve associativa. Fi-lo mais por rebeldia contra uma ordem imposta arbitrariamente (mesmo que alternativa) que por qualquer outra coisa. Foi por isso que conheci o Jaime e mudámos as nossas vidas, ficando sempre juntos. Fizemos desde então uma família, com os nossos filhos - o Eduardo, a Catarina, a Teresinha - e com os filhos deles. Há quase quarenta anos.
Procurei, procurámos, sempre viver de acordo com os princípios que tinham a ver com valores ditos tradicionais - Deus e a Pátria -, mas também com a justiça e com a solidariedade em que sempre acreditei e acredito. Tenho tentado deles dar testemunho na vida política e no serviço público. Sem transigências, sem abdicações, sem meter no bolso ideias e convicções
Convicções que partem de uma fé profunda no amor de Cristo, que sempre nos diz - como repetiu João Paulo II - "não tenhais medo". Graças a Deus nunca tive medo. Nem das fugas, nem dos exílios, nem da perseguição, nem da incerteza. Nem da vida, nem na morte. Suportei as rodas baixas da fortuna, partilhei a humilhação da diáspora dos portugueses de África, conheci o exílio no Brasil e em Espanha. Aprendi a levar a pátria na sola dos sapatos.
Como no salmo, o Senhor foi sempre o meu pastor e por isso nada me faltou -mesmo quando faltava tudo.
Regressada a Portugal, concluí o meu curso e iniciei uma actividade profissional em que procurei sempre servir o Estado e a comunidade com lealdade e com coerência.
Gostei de trabalhar no serviço público, quer em funções de aconselhamento ou assessoria quer como responsável de grandes organizações. Procurei fazer o melhor pelas instituições e pelos que nelas trabalhavam, cuidando dos que por elas eram assistidos. Nunca critérios do sectarismo político moveram ou influenciaram os meus juízos na escolha de colaboradores ou na sua avaliação.
Combatendo ideias e políticas que considerei erradas ou nocivas para o bem comum, sempre respeitei, como pessoas, os seus defensores por convicção, os meus adversários.
A política activa, partidária, também foi importante para mim. Vivi--a com racionalidade, mas também com emoção e até com paixão. Tentei subordiná-la a valores e crenças superiores. E seguir regras éticas também nos meios. Fui deputada, líder parlamentar e vereadora por Lisboa pelo CDS-PP, e depois eleita por duas vezes deputada independente nas listas do PSD
Também aqui servi o melhor que soube e pude. Bati- -me por causas cívicas, umas vitoriosas, outras derrotadas, desde a defesa da unidade do país contra regionalismos centrífugos, até à defesa da vida e dos mais fracos entre os fracos. Foi em nome deles e das causas em que acredito que, além do combate político directo na representação popular, intervim com regularidade na televisão, rádio, jornais, como aqui no DN.
Nas fraquezas e limites da condição humana, tentei travar esse bom combate de que fala o apóstolo Paulo. E guardei a Fé.
Tem sido bom viver estes tempos felizes e difíceis, porque uma vida boa não é uma boa vida. Estou agora num combate mais pessoal, contra um inimigo subtil, silencioso, traiçoeiro. Neste combate conto com a ciência dos homens e com a graça de Deus, Pai de nós todos, para não ter medo. E também com a família e com os amigos. Esperando o pior, mas confiando no melhor.
Seja qual for o desfecho, como o Senhor é meu pastor, nada me faltará.
http://www.dn.pt/inicio/
Artigo Parcial


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