terça-feira, 2 de abril de 2013

MEIO-DIA - Um poema de João Apolinário

  A beleza de um tronco caído -  Foto pessoal

 MEIO-DIA

Havia uma grande simplicidade
naquela manhã clara da montanha
onde um lagarto de barriga ao sol
punha na pedra as minúcias do tempo.

Havia mais um tronco ressequido
preso na terra pela raíz
tentava ainda ser florido
mascer de novo numa débil planta

E mais ainda um bichinho de conta
espreguiçando-se na bola do seu corpo
rolava num milímetro de chão
pedindo asas á sua natureza

Adiante no flanco de uma flor
o zunir magnético de um insecto
buscando seiva em trémulo suspense
como um helicóptero reproduzido

Calma a dois passos  de si mesma
entre pequenos seixos que polia
um fio de água iniciava o mar
serpenteando baixinho pela encosta.

(João Apolinário)

No livro - O Poeta Descalço)


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